Pesquisa da Abrasel realizada em março acende sinal de alerta para o setor de bares e restaurantes em 2024. Ainda lutando para se livrar de dívidas acumuladas, 30% das empresas operaram no vermelho em fevereiro – pior índice desde março do ano passado. Além disso, quase um terço das empresas registraram prejuízo em fevereiro, um crescimento de oito pontos percentuais em relação à pesquisa anterior. 44% das empresas operaram em estabilidade e 26% fizeram lucro.
Foto: Tânia Rego/Agência Brasil
Ainda segundo a pesquisa, três dos principais fatores responsáveis pelo desempenho negativo das empresas que operaram em prejuízo foram a queda das vendas no mês (79%), redução no número de clientes (62%) e custo de alimentos e bebidas (28%).
Quanto a inflação no setor, os estabelecimentos seguem com dificuldades de ajustar os preços do cardápio acima do índice geral: 40% dos estabelecimentos não conseguiram aumentar os preços nos últimos 12 meses (número estável em relação à pesquisa anterior); 49% realizaram reajustes conforme ou abaixo da inflação e apenas 12% reajustaram acima da inflação.
“São dados preocupantes. Março tem sido um mês difícil para o setor, afinal 30% das empresas operam no vermelho. E do mês passado para cá esse percentual aumentou 8%, um número impactante e que mostra que precisamos superar esses desafios significativos”, afirma presidente da Abrasel no RN, Paolo Passarielo.
A Abrasel no RN também pretende trabalhar na construção de um plano de resgate do setor junto com a Abrasel Nacional. "Contratamos um estudo da FGV (Fundação Getúlio Vargas), que vai se aprofundar nas causas das dificuldades que o setor vem enfrentando, já propondo caminhos e medidas que podem ser tomadas para resolvê-las de vez. Esperamos poder apresentar estas propostas o mais breve possível às autoridades e à sociedade. Só com o trabalho em conjunto podemos retomar os trilhos, afirma Paulo Solmucci - Presidente da Abrasel Nacional.
A pesquisa indicou que 47% das empresas têm dívidas em atraso, um aumento de quatro pontos percentuais em relação à pesquisa anterior. Os impostos federais lideram a lista de pagamentos atrasados (71%), seguido de impostos estaduais (47%), empréstimos bancários (37%), encargos trabalhistas/previdenciários (26%), serviços públicos (26%), fornecedores de insumos (24%), taxas municipais (22%), aluguel (21%), fornecedores de equipamentos e serviços (13%), e empregados (7%).
Reforço da mão de obra
Apesar dos desafios enfrentados pelos estabelecimentos, 21% dos empreendedores pretendem contratar mão de obra no primeiro semestre de 2024. 49% esperam manter o atual quadro de funcionários e apenas 23% pensam em demitir e 7% ainda não se decidiram. A tendência é de que essas novas vagas visam suprir a alta demanda das duas datas mais rentáveis para o setor: Dia dos Namorados e Dia das Mães.
Dados recentes da PNAD – índice do IBGE que mede os empregos formais e informais no país – indicou que, só nos últimos três meses (dez-jan-fev), os bares e restaurantes geraram cerca de 70 mil novos empregos, com crescimento de 1,3% em relação ao trimestre anterior. O resultado está na contramão do índice nacional, que apresentou redução de 0,3% no número de pessoas ocupadas.